A primeira vez que encontrei com a palavra "RONIN" foi na capa da graphic novel de Frank Miller, lançada pela Abril depois do sucesso de O Cavaleiro das Trevas, no final dos 80.
Ronin é uma palavra japonesa que designa um samurai que perde seu mestre e, consequentemente, sua honra. Na história de Miller, um ronin e um demônio se enfretam em pleno Japão feudal, suas almas ficam presas em uma espada e eles são liberados para novamente se confrontarem séculos depois, em uma Nova York futurista e distópica.
Maluquice? É ainda pior que isso, pois a história também traz um computador inteligente, um menino telepata sem braços e sem pernas, máquinas que se comportam como organismos vivos, etc.
RONIN é uma obra muito boa, que foi assumidamente influenciada por outra história de samurai desonrado: O LOBO SOLITÁRIO, de Kasuo Koike e Goseki Kojima.
Nesse mangá épico, Itto Ogami, um antigo alto servidor do Imperador, sai pelo Japão como matador de aluguel buscando juntar meios para se vingar daquele que o fez cair em desgraça. Sua jornada é feita em conjunto com Daigoro, seu filho, que cresce sob a sina de ter que percorrer o meifumado (a trilha do assassino).
Depois de duas tentativas de publicação pelas editoras Cedibra e Sampa, finalmente em 2005 a Panini disponibilizou no Brasil a série inteira, em 28 edições. Tenho essa coleção completa e confesso que, mesmo depois de acompanhar inúmeras matanças e tragédias, me emocionei com seu final.
Um personagem que parece ter sido inspirado pelas obras de Miller e de Koike/Kojima é SAMURAI JACK. Este é um desenho infantil diferente, com longos silêncios, sequencias lentas e ensinamentos de filosofia oriental. Típica diversão pra garotada que talvez agrade mais aos adultos.
Uma lenda sobre 47 ronins que vão buscar vingança é o mote para um filme hollywoodiano que vai estrear em dezembro, e que se chama... 47 RONINS. Estrelado por Keanu Reeves, o trailer já está disponível - e não me empolgou.
Existe um filme chamado RONIN, com Robert DeNiro, que trata de espionagem e ação, e nada tem a ver com o Japão feudal. Nem me lembro direito de sua história.
Escrevi tudo isso porque vi dias atrás DRIVE, com Ryan Gosling. Esse filme também não tem nada a ver com samurais ou com o Japão, e conta sobre um dublê em Los Angeles que presta serviços a bandidos como piloto de fuga.
Embora não exista qualquer menção aos espadachins orientais, o personagem principal me lembrou as histórias de ronin graças ao seu jeito soturno, de poucas palavras, típico de quem espera pelo pior. Assim como nas sagas japonesas, o filme traz o personagem enfrentando forças que sabe que são maiores que a sua, através de uma narrativa de algumas sequências de planos longos e cenas de ação que exibem violência extrema.
DRIVE é um filme muito bom.
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